Segundo alguns sábios, a estupidez humana é ilimitada. No horizonte desta incapacidade do homem em admitir sua ignorância se situa a capacidade imaginativa do ser humano, que também é ilimitada. Fruto deste imaginário é a literatura apocalíptica ocidental, fortemente presente na linguagem religiosa do judaísmo, cristianismo e islamismo. Fora da cultura ocidental judaico-cristã, o mundo não é compreendido apocalipticamente; não está povoado por seres demoníacos, anticristos, diabos, anjos, em que homens profetizam, falam de paraísos, infernos, monstros, dragões, juízo final. Nem se anuncia que os sinais do fim do mundo são catástrofes gigantescas, terremotos, maremotos, irrupções vulcânicas, pestes, guerras, fomes, tribulações sem fim e morte. Este catastrofismo provém de uma filosofia dualista maniqueísta, na qual o mundo é um teatro em que acontece a luta entre Deus e Satã. Nesta mesma filosofia o homem é visto como uma espécie de campo de batalha (um campo de futebol) em que est