O
Ministério Público do Acre (MP-AC) vai pedir à Justiça que a Telexfree,
nome fantasia da Ympactus Comercial LTDA., devolva o dinheiro aos
divulgadores que pagaram para entrar no sistema, disse ao iG
a promotora Nicole Gonzalez Colombo Arnoldi, nesta terça-feira (25). Só não se sabe se haverá verba para todos.
A solicitação será feita na ação civil pública
que o órgão irá apresentar à Justiça até o fim desta semana. No último
dia 18, o MP-AC já havia conseguido uma liminar que suspendeu os
pagamentos e o cadastramento de novos divulgadores, com o objetivo de
garantir o ressarcimento de quem já aderiu à rede.
"Vamos pedir a declaração de nulidade dos
contratos e a devolução do dinheiro aos divulgadores. Para todos
divulgadores [ do País
]", diz Nicole. O ressarcimento depende de a Justiça, que já determinou o
bloqueio dos pagamentos da Telexfree, aceitar o novo pedido do MP-AC.
Segundo a promotora, ainda é impossível
saber qual é o montante a ser devolvido e se a Telexfree terá dinheiro
para ressarcir todos. "A gente não sabe porque não sabe qual é o passivo
ou o ativo [ da empresa
]", afirma a promotora. "[ Será feita a devolução
] do que for possível.”
Em março, o advogado da empresa, Horst Fuchs,
disse que a Telexfree tinha cerca de 400 mil associados. No mesmo mês,
Carlos Costa, um dos sócios da empresa, falava em 600 mil.
A forma pela qual a devolução será feita só deverá ser
definida depois de uma eventual decisão favorável da Justiça.
Possivelmente, cada divulgador teria de apresentar o extrato de sua
conta na Telexfree – o back office
– em um pedido judicial na fase de execução da sentença (quando o mérito da questão já foi decidido).
Ainda não se sabe, também, se essas solicitações teriam
de ser feitas à Justiça do Acre, onde tramitará a ação civil pública, ou
se seria possível apresentá-las nos estados em que os divulgadores
residem.
Perguntada sobre se quem se beneficiou do sistema até
agora poderá ter de devolver recursos, a promotora Nicole diz não ter
avaliado a questão.
Suspeita de pirâmide
Apresentada como um sistema de venda de pacotes de
telefonia por internet (VoIP, na sigla em inglês) por meio de marketing
multinível, a Telexfree está sob suspeita de se tratar de um esquema de
pirâmide financeira.
Isso porque a principal fonte de receita seria não o
produto comercializado, mas sim as taxas de adesão pagas por quem deseja
atuar como divulgador da empresa. O agenciamento de novos divulgadores é
uma das formas de se ganhar dinheiro com a Telexfree.
Essa foi uma das justificativas apresentada pela juíza
Thaís Khalil, da 2ª Vara Cível de Rio Branco para aceitar o pedido do
MP-AC e suspender, no dia 18, os pagamentos e os novos cadastros. Também
foram bloqueados os bens de Carlos Costa e Carlos Wanzeler, sócios da
Ympactus Comercial. A decisão foi mantida nesta segunda-feira (24) pelo
desembargador Samoel Evangelista.
Seus representantes negam irregularidades. Ao iG
, o advogado da Telexfree, Horst Fuchs, diz que já prepara um novo
recurso ao Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC), com os argumentos de que
as decisões fogem à competência da juíza e do desembargador, e que já
existe um outro processo semelhante em Vitória (ES), onde fica a sede da
empresa.
"As decisões são nulas porque [ a juíza
] não teria competência, porque [ o tema
] não é da área dela. A decisão é criminal. E o desembargador [ também
] é cível ", afirma Fuchs. "Em Vitória já existe uma ação na esfera
criminal que já teve manifestação de juiz muito antes. E a juíza [
do Acre
] tomou decisões de um âmbito federal e ela é juíza estadual."
Direto da redação com informações do ig
Comentários