Ex-presidiário, estudante de Direito e diretor de uma cadeia pública
na Paraíba. Essa é apenas parte do currículo de Antônio Silva Neto, de
46 anos, que vem surpreendendo o sistema prisional paraibano ao
implantar um modelo de qualificação para os apenados e se tornando
referência em outros estados brasileiros e faz escola em outros países. O
diretor está percorrendo cidades brasileiras e a Bolívia, na América do
Sul, dando palestras sobre administração prisional.
Sertanejo da
cidade de Patos, a 300 km de João Pessoa, Silva Neto, teve a vida
marcada por uma tragédia. Em 1991, um tiro disparado por ele vitimou a
esposa. Ele jura que foi acidental. Na época, trabalhava como policial
militar e foi condenado a 15 anos e 8 meses de prisão, por homicídio
doloso, ou seja, com intenção de matar.
“Quando fui policial
militar era muito violento. Meu objetivo era matar e tirar os criminosos
de circulação. Quando cheguei à cadeia, conheci o inferno. Os presos
batiam na grade e ficavam agitados com a minha presença”, relembrou
Silva Neto. Por ter um bom comportamento, o então detento ganhou o
benefício do regime semiaberto e cumpriu apenas 5 anos, dos 17 de
condenação impostos pela Justiça paraibana.
Neto já trabalhou como
vigilante da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) por 16 anos e, em
2011, foi nomeado como diretor da cadeia pública, agora presídio de
Sapé (na região do Brejo paraibano, a 55 km de João Pessoa), sob
críticas de setores da Segurança Pública estadual. Ele mesmo reconhece
isso. “Fui muito criticado por colegas que integram a Segurança, mas,
graças a Deus, venho desempenhado meu trabalho com sucesso e isso me fez
ser convidado para participar de seminários e palestras no país e até
mesmo na Bolívia, abordando o modelo de administração prisional”,
comemora Silva Neto.
Dados da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) confirmam
que o presídio de Sapé, é uma referência no quesito ressocialização.
Estão reclusos 168 apenados, porém, a capacidade da unidade é de 70.
Apesar da super lotação, não há registro de rebeliões ou tumultos. Todos
frequentam a escola e cursos de qualificação profissional.
“Há
100% de frequência. Eles estão nos ensinos fundamental e médio e
realizam cursos de culinária, pintura, artesanato, horta e confecção de
produtos de limpeza. Outro dado importante é que temos o menor índice de
reincidência. De 100 presos liberados, apenas dois retornam”, enfatiza
Silva Neto.
Direto da redação com informações de Hyldo Pereira
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