O açude Jatobá, que chegou a abastecer o município de Patos (no
Sertão da paraibano, a 307 quilômetros de João Pessoa), secou
completamente.
Em seu leito estão espalhadas canoas que eram usadas por
famílias que viviam da pesca. Com capacidade para 17 milhões e 516 mil
metros cúbicos de água, o Jatobá tem hoje apenas 56 mil e 769 metros
cúbicos, o que representa 0,3% do seu armazenamento total.
O
município de Patos é abastecido de água do complexo Coremas/Mãe d'Água e
pelo açude Capoeira, do distrito de Santa Terezinha, que tem capacidade
de 53 milhões e 450 mil mestros cúbicos de água e está com apenas 15,3%
do seu total, o que equivale a 8 milhões, 181 mil e 925 metros cúbicos.
Outro açude de Patos é o Farinha, que tem capacidade para 25
milhões,738 mil e 500 metros cúbicos. Está atualmente com 31 mil e 325
metros cúbicos, o que representa 0,1% de sua capacidade.
Em
vários bairros da cidade de Patos há racionamento. A única esperança dos
moradores é a chuva. O padre Djacy Brasileiro, pároco de Água Branca,
que registra a situação dos municípios que sofrem com a estiagem,
conversou com famílias que tiravam o sustento do açude de Jatobá. O
padre faz divulgação nas redes sociais do seu trabalho, intitulado
'Caminhos da Sede'.
Um desses moradores é o senhor Verinaldo Lima.
Ele levou o padre Djacy para ver de perto o leito do açude, um dos
maiores da região polarizada por Patos. "Com a voz embargada e lágrimas
nos olhos, seu Verinaldo me contou que o açude de Jatobá era cheio,
bonito,viçoso e que abastecia a cidade de Patos.Hoje,para ele, só resta
mesmo a lembrança", disse o religioso.
Caminhando a pé pelo
leito do açude seco, o padre Djacy observa que o cenário é "de morte,
desolação, dor e tristeza". De tão seco, as pessoas que moram próximo do
açude cavaram cacimbas no local. No local onde tem a água ela está
imprestável para o consumo humano. Dezenas de peixes são encontrados
mortos.
Seu Sandoval vai de bicleta para o meio do açude. Tenta pegar água na cacimba que, segundo ele, é para suas plantas.
Outro
agricultor que sofre com a falta de água para suas plantações é o seu
Sebastião. O padre Djacy repara que seu Sebastião clama por água como
se estivesse rezando e canta, quase chorando, a música 'Asa Branca', de
Luiz Gonzaga, ajoelhado no terreno seco onde havia um açude.
O Jatobá,
que já foi o principal açude no abastecimento da cidade de Patos, teve
sua construção em 1952 no governo de José Américo e sangrou pela
primeira vez no dia 25 de março de 1960. Está localizado às margens da
PB-110, saída para Teixeira, próximo ao campus da UFCG. É o mais antigo
reservatório de Patos e o mais popular. Vários bairros cresceram às suas
margens, a exemplo Alto da Tubiba, Mutirão, Nova Conquista e o próprio
bairro do Jatobá.
Suas águas também irrigavam algumas culturas agrícolas que abastecem
principalmente a população de Patos e da vizinha cidade São José do
Bonfim.
Só no bairro do Jatobá, um dos maiores da cidade de Patos,
a população é estimada em cerca de 12 mil habitantes, segundo o INPPE
(Instituto Patoense de Pesquisa e Estatística). Dos 223 municípios da
Paraíba, apenas 51, ou 31,84% chegaram a 2012 com uma população superior
a residente na zona sul de Patos.
Patos, que população estimada
pelo IBGE em 104 mil e 716 habitantes, com potencial de consumo de mais
de um R$ 1 bilhão em 2012, entrou no mapa das 20 cidades do interior do
país com as maiores taxas de consumo. O município está incluído na área
geográfica de abrangência do semiárido brasileiro, definida pelo
Ministério da Integração Nacional em 2005.
Direto da redação do Piancó Notícias com informações de Hermes de Luna
Comentários