CONDENADOS: 23 anos após Massacre do Carandiru, acusados são penalizados a 156 anos de prisão, mas poderão recorrer em liberdade
Vinte anos, seis meses e 19 dias depois, sete jurados condenaram 23
policiais militares que participaram do massacre do Carandiru a uma pena
de 156 anos de prisão cada (12 anos para cada homicídio). A acusação:
terem assassinado no segundo pavimento do Pavilhão 9 da antiga Casa de
Detenção 13 dos 111 detentos que morreram durante a invasão da PM.
A
sentença foi promulgada pelo juiz José Augusto Nardy Marzagão à 1h15
deste domingo (21). Apesar da sentença determinar cumprimento em regime
fechado, o juiz permitiu que os condenados recorram em liberdade.
Três
dos réus julgados foram absolvidos pelo Conselho de Sentença, que teve
de responder a 1.526 questões. Foi necessário responder a quatro
quesitos por condenação. A questão principal era se o réu havia
concorrido para a prática dos homicídios, considerando que se agiu de
forma coletiva.
Outro quesito questionava se o réu fora atacado e
provocado a reagir. Cada um desses quesitos foi relacionado a cada um
dos acusados e vítimas No fim, considerou-se que só três PMs não tiveram
participação direta no massacre.
Quando o juiz leu a sentença, PMs ficaram em silêncio. Havia cerca de 35 pessoas na plateia e a reação do público foi discreta.
O
sexto dia do julgamento do massacre foi o mais cansativo de todos. Os
trabalhos começaram às 9h30 do sábado, dia 20, com a acusação defendendo
que os acusados agiram de forma coletiva. Os diferentes tiros, de
munições diversas nos 13 corpos do segundo pavimento, estavam entre os
pontos apresentados para a condenação do grupo. Em seguida, foi a vez de
a defesa alegar a incapacidade de apontar as responsabilidades
individuais dos acusados em cada uma das mortes.
Ainda pela
manhã, a acusação também pediu a absolvição dos três réus: o soldado
Alberto Roberto da Silva - que, segundo os laudos, não teria agido no
2.º pavimento, mas sim no 3.º - e os tenentes Eduardo Espósito e
Maurício Marchese - que seriam do 3 º Batalhão de Choque e não entraram
no corredor onde ocorreram os confrontos. Apesar de portarem fuzis M-16,
eles ficaram parados na escada.
O número de mortos do julgamento
foi reduzido de 15 para 13. Segundo testemunhos, Jovemar Paulo Alves
Ribeiro foi morto já na gaiola do 3.º andar, não no 2.º pavimento. E
José Pereira da Silva recebeu dez facadas - e não teria sido atingido
por policiais. Por isso, suas mortes devem ser julgadas em outro
momento.
Direto da redação com informações do PORTAL CORREIO
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