Executivos do
Facebook começam a demonstrar preocupação porque os jovens dos Estados
Unidos já não entram todo dia na rede social, fato exposto na divulgação
do resultado financeiro no dia 30 de outubro. O Brasil parece seguir a
mesma tendência.
"Eu não gosto
mais do ‘Face’, perdi a vontade de usar. Eu comecei a achar as mesmas
coisas dele, mas em outros lugares", diz a estudante Manuela Borchardt,
de 15 anos, três de Facebook, que mora em São Paulo. Redes como
Instagram, Twitter e aplicativos de mensagens como WhatsApp estão entre
os favoritos nas telas dos smartphones dos adolescentes.
Adolescentes de
três estados brasileiros ouvidos pelo G1 contam que continuam curtindo o
Facebook, mas como ferramenta de estudos, para acompanhamento de provas
e trabalhos escolares, e raramente como diversão.
"Eu usava mais para lazer, mas vem diminuindo mesmo. Agora com o Instagram, quem vai colocar foto no Facebook? Mas eu percebo que isso vem me ajudando na escola", diz Beatriz Bechelli, estudante de 17 anos, de São Paulo, citando a rede social de fotos comprada pelo próprio Facebook em 2012.
“Eu acho que é
uma coisa mais utilitária, tanto como acender ou apagar a luz”, palpita
João Pedro Santana Macedo, de 16 anos, que mora em São Paulo. “Esse é o
lado bom: quando eu preciso fazer algum trabalho”, complementa Giovanna
de Cássia Gregodutti, de 13 anos, que também é da capital paulista.
Enquanto os
estudos ficam na rede de Mark Zuckerberg, o lado mais social dos jovens
se concentra nos aplicativos, especialmente os apps de mensagens como o
WhatsApp e o Snapchat. Até o Twitter, apesar da limitação de caracteres,
é uma opção entre os jovens entrevistados.
O Facebook
evitou comentar se a fuga de usuários jovens que ocorre nos EUA se
repete no Brasil e, como disse o diretor David Ebersman durante a
divulgação do balanço da empresa em outubro, a empresa trabalha para
garantir o "engajamento para públicos de todas as idades".
Os jovens,
porém, são os usuários que apontam tendências na rede. No Brasil, isso é
ainda mais crítico, já que o país tem a segunda maior população de
adolescentes no Facebook, com 12,2 milhões de usuários com idade de 13 a
17 anos, ou pouco mais de 14% dos 86 milhões de membros da rede social.
O G1 conversou com 11 jovens brasileiros nesta faixa etária sobre uso
de ferramentas sociais no dia a dia.
Privacidade
“Apesar de o
Facebook ter virado quase uma extensão da sua vida, as pessoas perderam a
noção do que é público e do que é privado”, analisa Beatriz. “Acho que a
gente está usando [o Facebook] porque todo mundo tem e é uma maneira de
juntar todas as plataformas, mas eu uso só para a escola e para meus
interesses pessoais", afirma a jovem que deseja estudar fora do país e
encontra na rede social pessoas que já passaram pela experiência.
Larissa
Nogueira Reis, de 16 anos, também de São Paulo, diz que o que a incomoda
é o lado artificial dos usuários aflorado no site. “As pessoas ficam
postando fotos como se a vida fosse uma maravilha. Outro dia eu vi uma
foto de um casal e parecia que estava tudo bem, mas logo depois eles se
separaram.”
“Tem gente
desconhecida que eu não adicionei e fica comentando e curtindo minhas
coisas. Postei uma foto e um cara que eu não conheço comentou 'linda'”,
diz Giovanna de Cássia.
O paulistano,
Marcos Rossini Diniz, de 13 anos, também reclama da exibição em sua
“timeline” de postagens de pessoas que não são seus contatos. “Não são
meus amigos, mas pessoas de páginas que eu curto e eu acabo recebendo
esses textos e vídeos.”
Para não
enfrentar esses dissabores, os jovens preferem ter cada vez mais na
ponta dos dedos aplicativos específicos para bater papo com os amigos.
“Eu tenho muitos amigos que estão saindo do Facebook e estão preferindo
outros apps como o WhatsApp, o Instagram e o Twitter”, diz Giovanna.
“Muita gente
está deixando de usar o Facebook pra usar esses aplicativos, mas quem
não tem smartphone vai usar o Facebook”, diz o gaúcho Caio Menezes, de
13 anos. Larissa Silva Faria, de 16 anos, também de São Paulo, diz
preferir o WhatsApp, mesmo também tendo instalado no celular o
aplicativo de mensagens do Facebook. “É mais prático, mais simples e
trava menos.”
Fuga de jovens
Na avaliação
dos criadores do aplicativo WeChat, concorrente do WhatsApp, os
adolescentes, em geral, buscam ferramentas de comunicação rápida.
“Os jovens
estão buscando alternativas ágeis e práticas para comunicação, que
tenham mais funcionalidades e proporcionem uma boa experiência ao
usuário, algo mais completo que uma rede social e que ofereça interação
com seus contatos”, disse Katie Lee, executiva do WeChat, em entrevista
por e-mail.
O paraense João
Manoel Chagas, de 13 anos, lista ainda o Skype, que usa para falar com
pessoas que conhece em jogos on-line. Segundo o jovem, com a
possibilidade de ter conversas “cara a cara”, “no Skype você pode
descobrir se a pessoa tem um caráter bom. No Facebook, a pessoa pode
falar bem, mas ter um comportamento totalmente diferente das redes
sociais”.
Para Staci
Youn, gerente de comunicações do LINE, aplicativo de mensagens que
também disputa espaço com WhatsApp e WeChat, a debandada dos jovens rumo
aos apps de bate papo ocorre no mundo todo.
“Apenas olhando
para o crescimento global de novos usuários no mundo todo e para outros
apps de mensagens ganhando tração globalmente, podemos dizer que é um
fenômeno global”, avalia.
Com 280 milhões
de usuários no mundo todo, o LINE, de origem asiática, privilegia o
envio de desenhos e animações para sinalizar emoções, algo que o próprio
Facebook começou a adotar. “Enxergamos o mercado brasileiro como um
impulsionador de tendências em muitos aspectos”, afirma.
Alessandra
Paletta Giner, de 16 anos, diz usar o WhatsApp “todas as horas em que
está acordada” e afirma que o Facebook está um “pouco chato”, mas há o
lado positivo. “O negócio de você postar foto e vídeo do que você quiser
é muito bom. É o único que une tudo”, diz.
Na visão da
jovem, a necessidade de respostas rápidas pode ser o motivo pelo qual os
adolescentes estão se afastando do Facebook. “A minha idade é uma idade
que quer, tipo, tudo na hora. Se mandar um e-mail, a chance de alguém
te responder em um minuto é muito pequena. Então, se você mandar alguma
coisa que pode esperar até amanhã, para alguém da minha idade, é melhor
nem mandar”, conclui.
Direto da redação do Piancó Notícias com informações de Helton Simões Gomes Do G1, em São Paulo
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